sábado, 10 de março de 2012

A importância do conhecimento




Clara Maria C. Brum de Oliveira


Há mais de vinte séculos atrás, Platão (428-347 a.C.) afirmou que o saber não teria utilidade se não pudesse ser usado em proveito do próprio homem. No mesmo sentido, Aristóteles (384-322 a.C.) cuja influência foi uma das mais decisivas para a história das ciências, também apresentou certa angústia em relação ao pensar adequado, o pensar livre. Mas a despeito das teorias dos filósofos e das descobertas dos cientistas, quando olhamos ao redor percebemos que muitas vezes  negligenciamos nossa capacidade de conhecer.

Se pensar é o oposto a servir, não se trata aqui de um pensamento qualquer, mas de um pensar adequado, próprio da nossa condição de sujeitos pensantes, de nossa faculdade capaz de compreender o mundo. Inteligência que advém de intus legere que significa “ler dentro” e nos remete ao termo inteligível. Assim, nos ajuda a justificar o mundo exterior através de valores que provêm do interior (intus legere).

A tradição filosófica ao olhar para o próprio ser humano, compreendeu a inteligência, enquanto faculdade que se desvela em três operações fundamentais que realizamos, a saber: a apreensão que tem como objetivo “definir”, o juízo cujo objeto é proferir ideias verdadeiras ou falsas e o raciocínio que tem como função estabelecer proposições ou juízos.

É justamente através da inteligência ou espírito que podemos extrair da realidade material, corpórea, o conhecimento. Vejamos um exemplo. Se você fechar seus olhos e pensar em alguém, você estará extraindo do mundo dos fenômenos, da aparência, a essência desse ser pensado, transportando-o para o “mundo da abstração”. Esse “mundo da abstração” é o lugar da criação de conceitos, termo derivado da palavra concepção que por sua vez significa conceber.

É interessante notar que não estamos falando de algo fora de nosso horizonte, mas do nosso modo de ser e agir. Normalmente, procuramos definir todas as coisas que nossos olhos alcançam e nos sentimos confortáveis em um mundo conhecido - ordenado. Todavia, quando somos surpreendidos pelo novo, a curiosidade ou pelo medo, procuramos novas definições. E não é raro que as pessoas comuns busquem conhecer, decifrar, dar sentido a tudo o que existe no mundo da vida. Gostamos de conhecer todas as coisas que nos rodeiam. Por isso, podemos afirmar que o mundo da vida, lugar de nossa existência concreta, é um inesgotável fornecedor de sentidos e nos acostumamos a isso.

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